Levar educação para todos. Esta é a filosofia dos ambientes virtuais de aprendizagem abertos. O Moodle é um deles. Gratuito e de maior aceitação mundial, esta plataforma foi criada para facilitar o aprendizado on-line dos usuários e dar apoio a professores e alunos e, de fato, beneficia um número enorme de pessoas. São quase 65 mil sites ligados à plataforma em mais de 235 países.

Seu sucesso é, em grande parte, resultado de um trabalho colaborativo desenvolvido por uma comunidade virtual que reúne programadores, desenvolvedores e educadores, todos empenhados em transformá-lo constantemente para se adequar às necessidades de seus utilizadores.

Os “fãs” do Moodle perceberam a necessidade de realizar reuniões presenciais e, assim, surgiu o MoodleMoot, conferência realizada em vários países do mundo que, como explicam os organizadores, é dedicada aos usuários, desenvolvedores e administradores do ambiente.

No Brasil, o primeiro encontro aconteceu em 2007, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Em 2014, devido ao sucesso, houve dois encontros; o primeiro em São Paulo e o segundo, em Florianópolis, Santa Catarina. Desde então, há anualmente duas edições do MoodleMoot Brasil. No primeiro semestre, na Universidade Mackenzie, e no segundo semestre, uma edição itinerante.

Brasília, no Distrito Federal, e Juiz de Fora, em Minas Gerais, foram as duas cidades que receberam o evento em 2015 e 2016, respectivamente. O MoodleMoot Brasil fez tanto sucesso que, em 2017, os organizadores decidiram realizar mais dois encontros além do que ocorre já tradicionalmente em São Paulo. Por isso, neste ano, Rio de Janeiro e Salvador foram sedes das edições itinerantes do evento.

No Rio de Janeiro, o 15º MoodleMoot Brasil foi realizado na PUC-Rio nos dias 18 e 19 de outubro e contou com a participação de 150 pessoas de todo o Brasil, além do próprio criador da plataforma Moodle, o australiano Martin Dougiamas, que falou sobre a luta constante contra a transformação da educação em um mero negócio comercial.

No primeiro dia do evento, a Coordenadora Central de Educação a Distância da PUC-Rio, Gilda Helena Bernardino de Campos, mediou um debate entre o Diretor do Departamento de Educação, Ralph Bannell, e a Coordenadora Central de Graduação da PUC-Rio e professora do Departamento de Direito, Daniela Vargas.

Discutiu-se sobre os benefícios e problemas que existem na relação entre tecnologia e educação. O professor Ralph Bannell assinalou a influência que a tecnologia estabelece na mente humana. Para ele, as operações tecnológicas e a interação com o ambiente, que ocorrem fora do cérebro, são parte do processo cognitivo humano. Já Daniela Vargas destacou o impacto da tecnologia dentro das salas de aula e como isso afeta alunos e professores, lembrando que o momento atual na educação brasileira é de transição entre o modelo de ensino de 20 anos atrás e o novo, cheio de tecnologia.

No segundo dia do evento, o brasileiro Simey Lameze, analista desenvolvedor do Moodle, apresentou por videoconferência as transformações que a plataforma terá com a versão 3.4, lançada em novembro deste ano.

De acordo com Lameze, a principal mudança do software está relacionada com a questão da velocidade. “Não haverá mais carregamentos após cada ação, o que tornava a navegação no site lenta. Teremos uma interface mais dinâmica, rápida e moderna. Isso facilita a vida do usuário e, principalmente, do professor. Nossa missão é empoderar os educadores para que eles possam melhorar a transmissão de conteúdo”.
Além desses debates, os participantes do MoodleMoot Brasil puderam assistir a palestras sobre temas específicos envolvendo o uso do Moodle. Foram mais de 20 palestras com assuntos diversificados que ocorreram ao longo dos dois dias de evento.

Gisele Brugger, da Comunidade Moodle Brasil, por exemplo, falou sobre a construção de conteúdos interativos. Já Tiago Pamplona, gerente de produtos educacionais para ensino a distância da Kroton Educacional, falou sobre a estruturação do ambiente virtual de aprendizagem dentro da empresa em que trabalha. O desafio, de acordo com Pamplona, seria atender os 400 mil alunos e 25 mil educadores que utilizam o modelo acadêmico da instituição. “Temos dois milhões de usuários na plataforma e foi preciso criar estratégias de infraestrutura, integração de dados, temas e customizações específicos”, diz.

Dayse Lúcia de Castro Alvino, Fabio Perdonati da Silva e Vivian Martins de Souza, da Escola Superior de Guerra, falaram sobre o Moodle na implementação da educação a distância no Instituto de Altos Estudos de Política, Estratégia e Defesa. Na apresentação, os três relataram os desafios e conquistas vivenciadas pela equipe do Departamento de Educação a Distância da Escola Superior de Guerra na implantação do ambiente virtual de aprendizagem.

Ronnald Machado, da Coordenação Central de Educação a Distância da PUC-Rio, falou sobre algumas soluções personalizadas implementadas no ambiente virtual de aprendizagem da PUC-Rio. Durante a apresentação, Ronnald abordou algumas técnicas de arquitetura de software bem como o seu aproveitamento ao desenvolver novas funcionalidades ao Moodle.

Para Gilvan Marques, membro da Comunidade Moodle Brasil, o evento no Rio de Janeiro foi um sucesso. “Tivemos uma diversidade de palestras, envolvendo o público técnico, administradores e professores, o que é muito bom”.