Departamento de Administração da PUC-Rio ajuda os alunos a se preparar para o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

Todos os anos, alunos do país inteiro que estão concluindo seus cursos nas universidades devem prestar o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, o Enade, caso sua área de conhecimento esteja sendo avaliada naquele momento.

O Enade é uma prova que avalia a performance dos estudantes com relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao aprofundamento da formação geral e profissional e o nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial.

A cada ano, uma quantidade limitada de cursos é avaliada, portanto, o exame só é obrigatório para os formandos cujos cursos estão sendo analisados. Caso estudantes dentro deste perfil não façam a prova, correm o risco de não receber o diploma da faculdade e ficam com o histórico escolar em situação de irregularidade.

Por mais assustador que possa parecer para o aluno, na verdade, quem tem medo do Enade não são os estudantes, mas as instituições de ensino. Isso acontece porque os resultados do exame, aliados às respostas de um questionário respondido pelos discentes, são fundamentais para o cálculo dos indicadores de qualidade da educação superior. Estes indicadores mensuram a qualidade dos cursos e das universidades do país e são usados tanto para o desenvolvimento de políticas públicas da educação superior quanto como fonte de consultas pela sociedade.

Em 2012, o curso de Administração da PUC-Rio foi avaliado e apresentou uma queda no desempenho dos alunos, afetando a imagem da universidade. As notas foram baixas porque não há necessidade de alcançar uma pontuação mínima e a avaliação não afeta diretamente o estudante, sendo assim, muitos nem sequer responderam as questões, permanecendo no local da prova apenas o tempo mínimo exigido pelos organizadores.

Intrigada com o resultado negativo do Enade, a coordenação de graduação do curso decidiu investigar os motivos e o problema caiu nas mãos da professora Alessandra Baiocchi, que havia acabado de assumir a supervisão de desenvolvimento acadêmico dos alunos.

Ao lado do professor Marcus Wilcox Hemais, Alessandra iniciou, em 2013, uma espécie de pesquisa de mercado, realizando entrevistas com quarenta alunos da graduação para descobrir o que eles sabiam sobre o exame. O resultado, diz ela, foi surpreendente: “Eles não sabiam nada ou quase nada sobre o Enade. Tentamos entender os motivos. Descobrimos que muitos confundiam com o Enem, que é o Exame Nacional do Ensino Médio. Quando explicávamos o que era o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, eles nos perguntavam qual era a importância daquilo para a vida deles”.

De fato, a princípio, o Enade não tem importância alguma para os formandos, mas afeta a qualificação das instituições de ensino e isso pode ter certo impacto no mercado de trabalho. Essa foi uma questão levantada pelos professores Alessandra e Marcus num momento seguinte. Em 2014, tendo em mãos a lista prévia dos alunos que concluiriam a graduação em 2015, ano em que o curso de Administração seria novamente avaliado, os dois organizaram um novo roteiro de entrevistas, desta vez focando seu público-alvo: os formandos.

Alessandra explica que 84 alunos participaram desta segunda etapa: “Fizemos várias perguntas a eles e tivemos também a chance de explicar a importância da prova para a PUC-Rio e como isso afetaria suas vidas. Contamos que a colocação do nosso curso estava caindo em relação a escolas mais fracas. Muitos ficaram visivelmente incomodados, pois há neles um espírito competitivo bastante forte. Perguntamos diretamente o que eles achavam que deveria ser feito para reverter esta situação e tivemos muitas respostas interessantes. Conversamos também com os professores e a partir de todas estas conversas, percebemos que seria preciso trabalhar com base em três pilares: informação, motivação e preparação”.

O Departamento de Administração iniciou, então, uma verdadeira campanha que incluía informar os alunos sobre o Enade – o que é, para que serve e qual o seu impacto para alunos e para a universidade –, motivá-los a realizar uma boa prova, sem deixar as questões em branco, e prepará-los para resolver as questões da melhor forma possível. Apesar do Departamento de Administração não ter esta atividade como foco, a coordenação decidiu investir na preparação dos alunos. Realizou, então, uma série de atividades, entre elas, palestras com professores, inclusive alguns que elaboram e corrigem questões para o Enade, e um simulado, com o objetivo de familiarizar os alunos com a estrutura da prova e os tipos de perguntas comuns.

A professora Alessandra conta que, inicialmente, a proposta era fazer um simulado presencial, mas a ideia foi rapidamente descartada: “Seria uma loucura preparar uma prova física. Teríamos que fazer num sábado, na universidade, convocar os alunos, imprimir as provas, contratar equipe, pagar hora extra, enfim, seria muito trabalhoso e o custo seria muito alto. Então, lembramos que a PUC-Rio tem uma Coordenação Central de Educação a Distância totalmente qualificada para nos dar suporte na elaboração de um simulado online. Além disso, os alunos estão familiarizados com o mundo virtual e muitos já usaram a plataforma Moodle em algumas disciplinas, ou seja, já conheciam o ambiente que usaríamos para a realização da prova”.

O trabalho envolveu profissionais de todas as áreas da Administração: estratégia, marketing, organizações, finanças e estatística. Professores foram convocados para elaborar 15 questões, utilizando como referência provas antigas do Enade, e a equipe da Coordenação Central de Educação a Distância ajudou a estruturar um simulado que sorteasse de forma aleatória cinco questões de cada área.

Três meses antes da prova o simulado foi disponibilizado para os alunos e eles tinham a possibilidade de repeti-lo quantas vezes quisessem. Paralelamente, foi feita uma campanha de comunicação para apresentar a eles a ferramenta. Com o objetivo de estimulá-los, o Departamento de Administração ofereceu um certificado àqueles que acertassem mais de 70% das questões e, ainda, aceitou a realização do simulado como crédito de atividades complementares.

“Estas atividades complementares são exigidas como parte da carga horária da graduação e muitos alunos precisam completá-las para se formar, então, foi uma boa forma de incentivá-los. Tivemos 113 alunos realizando o simulado e 29% deles conseguiram acertar 70% das questões”, explica a professora Alessandra.

Além da campanha de preparação dos alunos, foi realizada uma campanha de informação que durou um ano. Cartazes foram divulgados nas redes sociais com uma linguagem jovem e com a imagem dos próprios alunos que explicavam para os formandos que a nota de um significava a nota de todos. O resultado foi excepcional e teve grande repercussão até entre as mães dos alunos, que curtiam e compartilhavam os cartazes. Muitos professores conversaram com suas turmas sobre o Enade, as notas dos anos anteriores foram apresentadas aos formandos de 2015 e o espírito competitivo foi sendo aguçado entre os estudantes.

Por fim, houve, também, uma forte campanha de motivação que incluiu a premiação das notas mais altas do Enade entre os alunos de Administração da PUC-Rio. A professora Alessandra explica que esta foi uma forma de ter as notas individuais que, por regra, são disponibilizadas apenas para cada aluno: “Como não temos as notas individuais, apenas o ranking geral, decidimos oferecer prêmios para os dez primeiros colocados. Os estudantes podem, se desejarem, imprimir seus resultados e nos apresentar para concorrer a estes prêmios”.

O primeiro lugar ganhará uma bolsa integral em um MBA do IAG, a Escola de Negócios da PUC-Rio; a segunda melhor nota ganhará 80% de bolsa e a terceira melhor nota ganhará 60% de bolsa. Serão oferecidos, ainda, descontos de 25% para os alunos que ficarem entre a quarta e décima posições no exame.

Quando o local de realização da prova foi anunciado, um novo problema surgiu para a equipe que organizou toda a campanha. O Enade para alunos de Administração da PUC-Rio seria em Jacarepaguá, bastante distante para muitos dos formandos que teriam que fazer o exame. Normalmente, a universidade oferece um ônibus que sai do campus da Gávea. Surgiu, então, mais uma ideia para atrair os alunos no dia da prova: oferecer um farto café da manhã, com a presença de professores e funcionários do Departamento de Administração.

“Levamos os alunos até a porta do ônibus, literalmente”, conta Alessandra. “Foi uma manhã muito divertida e antes da partida deles, entregamos um kit com brindes. Havia água para hidratação, chocolate para adoçar a vida, amendoim para dar energia e uma caneta preta, necessária para marcar o cartão de respostas do Enade. Tudo com o slogan da nossa campanha: reconhecimento para o seu curso, referência para o seu currículo”.

Os resultados ainda não saíram, mas muitos alunos voltaram da prova garantindo que o simulado os ajudou bastante e que as questões da prova estavam até mais fáceis do que as questões do simulado.

Alessandra e toda a equipe que participou desta campanha estão confiantes de ter informado, preparado e motivado os alunos, o que certamente provocará resultados positivos: “O mais importante era estimulá-los a completar a prova, pois isso tem um impacto significativo na nota final da universidade. Acredito que alcançamos nossa meta, pois tivemos uma quantidade grande de alunos que se esforçou para efetivamente fazer a prova”.