Em 1964, o Departamento de Engenharia Mecânica da PUC-Rio inaugurou o curso de Mestrado, atuando nas áreas de Mecânica dos Sólidos e Termociências. Alguns anos depois, começou o curso de doutorado e a pós-graduação ganhou ainda mais visibilidade, tornando-se uma das mais destacadas do país. Com isso, surgiram candidatos de todo o Brasil e também de diversos países da América Latina, da Ásia e da Europa interessados em se formar nesta área pela PUC-Rio.

Até 2014, o critério de seleção para a admissão destes estudantes era baseado em currículo, histórico escolar e carta de recomendação, mas o número grande de candidatos tornava difícil a escolha dos novos alunos.

Há alguns anos, surgiu a ideia de realização de uma prova como parte do processo de seleção de mestrado e doutorado, mas isso seria um impedimento para alunos estrangeiros e, em muitos casos, alunos brasileiros de outros estados, como explica a professora Angela Ourivio Nieckele, coordenadora da pós-graduação do Departamento de Engenharia Mecânica: “Os candidatos não iriam pagar uma passagem para vir ao Rio de Janeiro apenas para uma prova de seleção, correndo o risco de não ser admitido no curso. Surgiu a possibilidade de usar provas americanas, mas o custo era muito alto, o que seria um problema. O ideal era realizar a prova de forma remota, mas não sabíamos como fazer isso”.
A solução apareceu há cerca de dois anos, quando a PUC-Rio iniciou uma campanha de apresentação do Ambiente de Aprendizagem On-Line utilizado pela universidade. A professora Angela viu ali uma possibilidade de concretizar o projeto da prova virtual.

A equipe de Tecnologia da Informação da CCEAD, Coordenação Central de Educação a Distância da PUC-Rio, e a equipe do CCPA, Coordenação Central de Pesquisa e Avaliação, responsável pelo cadastramento de todos os candidatos a cursos de pós-graduação da universidade, trabalharam juntas para viabilizar a implementação do exame.

Paralelamente, os professores do Departamento de Engenharia Mecânica pensaram na estrutura e no desenvolvimento da prova. “Apesar de ser um processo demorado, conseguimos montar um banco de questões e, mesmo com um prazo apertado, avisar aos alunos sobre a realização de uma avaliação on-line. Pedimos a dois estudantes do Departamento que fizessem a prova para avaliar se os enunciados estavam claros e se o tempo estipulado por nós seria suficiente”, explica a professora Angela.

Um problema precisava ser resolvido: como cobrar dos candidatos a demonstração das equações, algo fundamental em uma prova de Engenharia Mecânica. Exigir conhecimento em programas de edição especiais para apresentação de equações era inviável, pedir que as questões fossem resolvidas em papel e, em seguida, digitalizadas e enviadas como anexo, também estava fora de cogitação, já que todos estariam nervosos demais e o tempo da prova era curto, de uma hora e meia apenas. Digitar a equação durante o seu desenvolvimento não é tarefa simples e isso poderia prejudicar os alunos que não tivessem muita habilidade com computadores, então, a solução foi solicitar apenas a resposta, sem que fosse necessário demonstrar o equacionamento. Para a equipe da pós-graduação, este é um inconveniente que deverá ser solucionado nas próximas seleções.

De qualquer forma, a primeira versão da prova foi considerada um sucesso. Mesmo com pouco tempo para testar o Ambiente de Aprendizagem On-line, a maioria dos alunos concluiu as questões. Dos 120 inscritos, cinco candidatos não realizaram o exame e outros quatro não conseguiram enviar as respostas, alegando problemas técnicos no momento da submissão. Os números demonstram, portanto, que houve êxito neste novo componente do processo de seleção.

A professora Angela esperava um número maior de desistências ou problemas técnicos e admite ter ficado surpresa com os resultados: “A realização da prova nos ajudou muito na avaliação dos candidatos. É importante lembrar que não usamos isso como critério único de aprovação, o desempenho dos alunos funcionou apenas como um item a mais na análise de cada um deles”.

Houve, ainda, a possibilidade de realização da prova de forma presencial, em função do pouco tempo de divulgação do dia e hora da prova. Isso foi feito para atender alunos com problemas de horário, como explica a professora Angela: “Um aluno do nosso mestrado estava defendendo sua dissertação no momento da prova, então, deixamos que ele fizesse a prova de seleção para o doutorado no dia seguinte, aqui no campus. Outro aluno estava viajando no momento estipulado para a realização da prova e ele também teve a chance de responder as questões de forma presencial. Mas era exatamente a mesma prova, o mesmo tempo e a mesma forma de avaliação”.

A maior parte dos aprovados é de brasileiros, mas há vários peruanos e colombianos, além de estudantes de origem francesa, iraniana, entre outras nacionalidades.

Neste momento, a equipe de pós-graduação está trabalhando no desenvolvimento da próxima prova. Uma das prováveis mudanças é a realização de dois exames, um para cada área de concentração – Termociências e Mecânica Aplicada. Desta forma, será possível fazer perguntas específicas para os alunos que têm diferentes focos de estudo.

Cada candidato deverá escolher a prova que irá realizar. O Ambiente de Aprendizagem On-line está sendo testado para a realização de duas provas. O objetivo é ter certeza de que as opções estarão claras, assim, os alunos não terão dúvidas ao entrar no sistema.

Como afirma a professora Angela, “são mudanças que vão garantir, no futuro, melhorias neste processo. Daqui para frente, esperamos evoluir cada vez mais”.