Plano de Desenvolvimento Institucional da PUC-Rio: novidades e destaque para EAD

O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da PUC-Rio é realizado para que seja possível traçar um retrato da universidade – sua história, suas atividades atuais e seus objetivos institucionais. O plano, feito de 5 em 5 anos, apresenta as principais metas do período; o último ocorreu em 2012, com vigência de 2013 a 2017, sob a coordenação do professor Marco Antonio Casanova. Nesta entrevista, ele fala um pouco sobre o PDI e as novidades relacionadas à educação a distância na PUC-Rio.

O Plano de Desenvolvimento Institucional é uma exigência do MEC. Como a universidade trata esse assunto?
Isto é bastante claro para a Coordenação Central de Planejamento e Avaliação. Há um planejamento estratégico da instituição que devemos fazer, independentemente do que é imposto pelo MEC e independentemente do pedido de qualquer outra instituição. O mais complicado, porém, possível, é buscar respostas para determinadas perguntas. Por exemplo, a PUC contempla quantos alunos? 13 mil, 11 mil, 15 mil? Do que o país irá precisar daqui a algum tempo? Então, qual área deveríamos fomentar?

Como são tomadas as decisões em relação às metas que serão traçadas no Plano de Desenvolvimento Institucional?
Os pontos principais são levantados junto à organização central. Há um ciclo de entrevistas e conversas com os decanos e a direção central da instituição. Na última vez, alguns temas foram recorrentes, por exemplo, a questão da internacionalização, ou seja, devemos trazer alunos intercambistas para a PUC e levar professores nossos para fora. Outra questão que surgiu foi o uso de novos métodos pedagógicos; não estamos falando apenas de educação totalmente a distância, mas educação mediada por tecnologia.

E como será desenvolvido o uso de novos métodos pedagógicos na PUC-Rio?
Há experimentos dentro da universidade que precisam ser replicados. Um deles, muito interessante, é do Instituto de Relações Internacionais. Como em todos os cursos, há no IRI disciplinas com grande número de alunos; são disciplinas que precisam de uniformidade. O que eles fizeram? Colocaram as aulas no Moodle e com isso criou-se uma uniformização que melhorou a qualidade do curso. Isso poderia servir de modelo para vários outros cursos. Outro exemplo interessante é a cadeira de filosofia, chamada FIL1000. A lógica é a mesma. Esta é uma cadeira obrigatória para todos os alunos da universidade, isso significa que há um grande número de professores e eles precisam, em alguns casos, melhorar o material usado, além de padronizar a aula. A tecnologia pode nos ajudar neste sentido. Mas há, ainda, outro aspecto interessante desta cadeira de filosofia. Muitos alunos deixam para cursá-la no final da faculdade, quando há problemas de horário – porque está fazendo estágio ou qualquer outro motivo. Nesse caso, a educação a distância é ideal, pois oferece flexibilidade para o aluno.

Qual é a importância da educação a distância para a PUC-Rio?
Durante as discussões do Plano de Desenvolvimento Institucional, discutiu-se sobre o problema do espaço físico da PUC. Há, inclusive, visitantes que ficam surpresos e perguntam onde está o resto da universidade. Ou seja, Então, se pudermos flexibilizar o ensino presencial, melhor. Não é só uma questão de tirar os estudantes da PUC, é também uma questão de organizar melhor o horário e oferecer algumas aulas não presenciais. Por exemplo, os laboratórios de programação, no curso de Informática, não precisam ser feitos no campus, podem ser feitos em casa, se forem bem organizados. Isso para nós é muito importante.

Existe um curso de especialização a distância sendo realizado por professores da universidade. Isso faz parte do Plano de Desenvolvimento Institucional da PUC-Rio?
Sim, com certeza. Existe uma quantidade razoável de professores dentro da PUC sem pós-graduação. O que é excelente para a universidade e atraente para esses professores é a realização de um curso não presencial.

Além das vantagens para o professor, quais as vantagens deste curso para a universidade?
Após realizar este curso, os professores provavelmente se interessarão em usar o que aprenderam, ou seja, as tecnologias. Mais tarde, pretendemos também oferecer cursos rápidos para capacitação dos professores, incentivando-os a usar as tecnologias. É importante envolver os professores no processo de produção deste material que será usado em aulas não presenciais, mas para isso ele tem que conhecer o potencial da CCEAD e o que se espera dele como conteudista e como mediador do curso. Precisamos explorar melhor isso, mas é algo que faz parte dos nossos planos.

Qual é o papel dos departamentos da universidade no Plano de Desenvolvimento Institucional?
Os departamentos enviam seus próprios planejamentos e nós ficamos de olho para acompanhar o andamento do trabalho e saber se os planos estão se concretizando. O papel da Comissão Própria de Avaliação é supervisionar e o papel dos departamentos é concretizar o que foi planejado.

O Plano de Desenvolvimento Institucional permite também traçar metas a longo prazo? 
O planejamento estratégico de longo prazo é bem mais difícil do que parece. É preciso imaginar como estaremos daqui a 10 ou 20 anos. O Brasil precisará de determinado perfil de profissional. Então, como nós formamos pessoas com esse perfil, independentemente do curso? Como daremos habilidades para nossos alunos? Não é simples saber aonde queremos chegar e qual mercado queremos atender, mas é importante pensar sobre isso.

Essa é uma dificuldade ao fazer um planejamento a longo prazo. Há outras dificuldades?
Uma grande dificuldade é a mobilidade da universidade, que é relativamente pouca. Por exemplo, o Departamento de Educação está criando um curso novo de Mídias Digitais e Educação, mas foi um trabalho que demorou muito tempo para ser feito. A necessidade foi detectada, mas até que o curso fosse criado, foi preciso passar pela elaboração do conteúdo, aprovação da universidade, elaboração do vestibular etc. Isso levou uns quatro anos. É importante planejar muito para frente já que o tempo de reação é relativamente pequeno. Existe a possibilidade de criar cursos mais ágeis de extensão ou pós-graduação latu sensu, mas a graduação e a pós-graduação strictu sensu exigem mais tempo, não oferecem tanta liberdade e são mais complexas.

Mas, então, é possível traçar planos a longo prazo e ter sucesso, certo?
Claro que sim. Existe, inclusive, um exemplo clássico dentro do Departamento de Informática. Há cerca de 20 anos, mais ou menos, havia uma demanda grande por formação de programadores e o governo incentivou a criação de cursos chamados “Tecnólogos em processamento de dados”. A PUC-Rio rapidamente criou um curso de três anos e vários tecnólogos foram formados para suprir a demanda do mercado. Mas aquilo foi uma encomenda bem direcionada que surgiu a partir de uma necessidade da sociedade. Podemos prever algumas necessidades óbvias. No Rio de Janeiro, por exemplo, existe um crescimento da indústria de petróleo e a Engenharia Química sofreu um impacto direto por conta disso, sendo, hoje, o curso que mais cresce na universidade. Dobrou de alunos em menos de quatro anos. Em suma, é possível traçar planos a longo prazo, em especial, em situações específicas como as que citei aqui, mas em outros casos, é claro, fica difícil fazer previsões.

Além do Plano de Desenvolvimento Institucional, a PUC-Rio realiza avaliações com alunos, professores e funcionários. O senhor pode falar um pouco sobre elas?
Existem dois tipos de avaliação, uma feita pelos alunos semestralmente e outra mais abrangente, que ocorre de dois em dois anos e envolve toda a comunidade da PUC-Rio. O primeiro caso está relacionado às disciplinas cursadas pelos alunos; é quando perguntamos sobre o uso de pedagogias diferenciadas, por isso, temos um feedback sobre o uso de tecnologias ou mediação por tecnologias do material utilizado nos cursos.

Como é a avaliação dos alunos em relação ao uso de tecnologias na universidade?
A infraestrutura da PUC é muito bem avaliada, em especial o RDC. Existem problemas pontuais como acesso a WIFI em alguns pontos. É algo que será melhorado com o tempo. Um problema grande é a falta de tomadas. Hoje, há muita gente com laptop e não há tomada suficiente. Não há reclamações sobre isso, mas identificamos facilmente este problema. Poderíamos colocar mesas fixas com tomadas instaladas em todas elas, mas isso reduziria o número de mesas por sala, o que agravaria ainda mais o problema do espaço. Ou seja, há questões que deveremos solucionar, mas de forma geral, os alunos estão satisfeitos.

E como é a avaliação da Educação a Distância?
Os alunos gostam porque dá uma flexibilidade enorme, mas muitos descobrem que também dá mais trabalho. Se um aluno dormir em sala de aula, ganhará a presença do mesmo jeito, mas se ele dormir em cima do teclado, terá perdido seu tempo. Em suma, o não presencial exige mais envolvimento e isso aparece em avaliações dos alunos. Porém, não temos ainda uma avaliação precisa sobre EAD, aliás, é algo que podemos mudar para a próxima avaliação bienal. Podemos fazer isso porque já temos uma quantidade de alunos razoável que participou de cursos semipresenciais. É uma boa ideia!