A experiência de quem cruzou o Brasil avaliando trabalhos finais do curso Tecnologias em Educação

Vinte e seis cidades, mais de duzentas horas de voo, trezentos formandos e oito professores. Com esses números, a CCEAD PUC-Rio encerrou o curso a distância de Tecnologias em Educação em abril desse ano.
As viagens dos mestres e doutores responsáveis pela avaliação dos trabalhos finais são, geralmente, corridas, cansativas, mas extremamente gratificantes. Durante um mês, eles percorrem todo o país, conhecendo os alunos que participaram do curso e vendo de perto a realidade da educação em cada Estado. Atravessando o Brasil de norte a sul, leste a oeste, é comum registrar as diferenças, mas também, identificar similitudes.
Stella Pedrosa esteve em Rio Branco (Acre), Goiânia (Goiás), Recife (Pernambuco), Vitória (Espírito Santo), Cuiabá (Mato Grosso) e Palmas (Tocantins). José Ricardo Basílio passou por Macapá (Amapá), Maceió (Alagoas), São Paulo (São Paulo) e Salvador (Bahia). Esses dois professores conversaram com a equipe da Revista Asas e relataram algumas das suas experiências.

Para Stella Pedrosa, esta foi a melhor edição do curso. “Durante o período de orientação, os alunos podiam ver no ambiente os trabalhos dos colegas, mas os grupos de orientação foram formados de modo a haver pessoas de diferentes Estados, então, no momento das apresentações, os TCCs eram novidades para os outros alunos. Com isso, gerava mais curiosidade e os alunos participavam bastante. Como havia um número menor de alunos e, durante as apresentações dos trabalhos finais, todos assistiam e prestavam atenção”.
Stella conta que desde a chegada à cidade é possível perceber diferenças. “Noto que quando há muita preocupação conosco, professores da banca, há também muita preocupação com o aluno. Sobre isso, aconteceu algo interessante no Acre. A coordenadora estava preocupada porque não tinha conseguido fazer contato com uma das alunas; depois do almoço, ela foi localizada e presenciei uma cena muito tocante: a coordenadora estava ao lado da aluna ajudando-a a terminar de preparar sua apresentação. Outros casos emocionantes foram de mães com bebês, elas não terminaram o curso na edição anterior justamente por estarem grávidas”.
Stella também ficou bastante emocionada com uma aluna de Rondônia que não pode apresentar o trabalho final no seu Estado e viajou até Cuiabá, Mato Grosso: “É uma viagem longa e cansativa, mas a aluna viajou porque não quis desistir”.
Uma experiência inusitada foi a transmissão ao vivo em Pernambuco. “Houve um esforço, mesmo sem os melhores recursos, para fazer o melhor possível”.
Ricardo Basílio viveu experiências semelhantes, mas revela que o que mais o impressionou foi o esforço em realizar um trabalho de qualidade, mesmo com poucos recursos: “Vi muitas apresentações criativas de pessoas com poucos recursos para realizar suas pesquisas e seus trabalhos. Isso é um reflexo do cotidiano dessas pessoas nas escolas e, mesmo assim, elas não desistem”.
Basílio diz que ficou satisfeito com a participação de familiares nas apresentações. “No Amapá, por exemplo, muita gente levou a família. Um aluno levou a esposa e como a apresentação transcorreu num clima de muita informalidade, ela conversou, fez perguntas, enfim, foi tão participativa que cheguei a pensar que também era aluna. Foi legal perceber como as pessoas se entrosavam rápido”.