O Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio) reúne cerca de cinco mil estudantes dos cursos de Engenharia, Informática, Química, Matemática e Física. Em 2002, foi criado o SOU-CTC, o Serviço de Orientação ao Universitário do Ciclo Básico que foca na avaliação e orientação para um melhor desempenho acadêmico e escolha profissional, além de orientação na metodologia e planejamento de estudo.

No ano passado, o SOU-CTC implementou um sistema de avaliação através do ambiente de aprendizagem on-line que gera relatórios capazes de traçar um perfil dos alunos.

Leila Vilela, coordenadora do Serviço de Orientação, explica como são feitos estes relatórios e quais seus objetivos: “Já há algum tempo, fazemos avaliações dos alunos e percebemos a necessidade de utilizar estas avaliações para obter o maior número possível de informações sobre eles e, também, sobre os nossos cursos. Decidimos, então, utilizar a educação a distância para isso. Descobrimos que o ambiente de aprendizagem on-line possui ferramentas interessantes e uma delas disponibiliza relatórios robustos com informações importantes que são gerados a partir de testes que os estudantes realizam. A novidade, portanto, não são os questionários, mas os relatórios. Com eles, é possível fazer um acompanhamento de cada aluno e estabelecer o seu perfil. Sabemos como os alunos ingressam na universidade, quais são as suas dificuldades e, assim, podemos definir nossos objetivos e modelos de aprendizagem. É possível, também, obter resultados a partir das questões elaboradas; por exemplo, podemos comparar o desempenho entre turmas. Enfim, conseguimos fazer análises de diferentes facetas, a partir de vários pontos de vista”.

Já existia um trabalho de apoio e acompanhamento dos alunos, mas os testes realizados a distância permitiram mais agilidade, melhores resultados, a reunião de um número maior de informações com menos trabalho manual e mais precisão.

Os testes que deram origem aos primeiros relatórios foram feitos com alunos dos cursos de Química e Matemática. Renata Rosa, professora de “Cálculo A” explica como foi o processo: “Aplicamos o teste para os calouros logo no início do semestre, mas cobramos o conteúdo que é visto por eles ainda na escola. Claro que o conhecimento prévio é bem variado, então, com o resultado, somos capazes de identificar as dificuldades e sabemos o que precisa ser revisto”.

O primeiro teste que foi realizado no ambiente de aprendizagem on-line não era obrigatório, mas valia ponto extra na nota. Com isso, foi possível atrair um número grande de alunos. Havia um tempo determinado para responder as questões, metade de uma aula, e a prova foi realizada em sala, a única forma de garantir que o próprio aluno respondesse às perguntas e sem nenhum tipo de “cola”.

A professora Renata ficou satisfeita com o resultado: “Como a prova foi feita em sala de aula, pude ter um retorno imediato da reação dos alunos. Como valia uma nota extra, eles ficaram bastante animados; além disso, também houve uma euforia porque o teste era de questões rápidas e as perguntas eram diferentes para cada aluno já que eram sorteadas a partir do banco de dados. Tudo isso os deixou alertas. Houve um dinamismo maior, todos terminaram o questionário acelerados, o que não costuma acontecer em uma prova tradicional, mais demorada e mais exaustiva. No fim, houve pedidos de mais testes assim. Percebemos que é importante para eles ter avaliações de diferentes tipos, com ou sem computador, presencial e a distância, com questões objetivas ou discursivas. Quanto mais variado, melhor”.

Para o primeiro semestre de 2017, a professora Renata planeja realizar três provas no ambiente de aprendizagem on-line, todas valendo nota. Além disso, ela espera oferecer aos alunos a possibilidade de realizar um simulado em casa para que eles possam treinar.

Dayana Ximenes trabalha no Decanato do Centro Técnico Científico e dá suporte aos professores. Ela acompanhou o trabalho realizado com a turma de “Química Geral” e conta como foi: “Temos uma tutoria de Química para os alunos com mais dificuldade. Os testes e os relatórios permitiram que focássemos esta atividade para atendê-los da melhor maneira possível. Além disso, pudemos, com os resultados das provas, convidar os alunos com menor desempenho para participar desta tutoria. Apesar de não ser obrigatória, temos cerca de 50 alunos envolvidos”.

A implementação dos testes a distância exigiu a criação de um banco de dados com várias questões e professores foram contratados para isso. “Eles usaram o material de apoio que já existia, mas tiveram que elaborar as questões para o ambiente de aprendizagem on-line. Foram criadas 300 questões de múltipla escolha. É importante desenvolver questões de acordo com aquilo que se pretende obter nos relatórios”, diz Leila Vilela.

O SOU-CTC espera aplicar os questionários em várias turmas, não apenas de calouros, assim, os relatórios serão ainda mais ricos. O Serviço de Orientação planeja, ainda, elaborar um questionário inteligente, em que a resposta do aluno o encaminhe para uma segunda questão específica ou até mesmo para um vídeo ou um texto de acordo com seu nível de conhecimento, ou seja, o teste é adaptado para quem o realiza.

Há um esforço grande em realizar mais testes e explorar mais os relatórios. Uma das ideias é poder dar um feedback para os alunos. “Já sabemos, por exemplo, que algumas questões que considerávamos fáceis, os alunos acham mais difíceis e vice-versa. É importante termos este tipo de informação. Aos poucos, esperamos acertar a trilha. Sabemos que é trabalhoso, mas queremos melhorar a cada semestre”, afirma Leila Vilela.