PARA ALÉM DE UM REPOSITÓRIO DE MATERIAIS!
por Gianna Roque

Li recentemente um texto de Francesc Pedró chamado Educação, Tecnologia e Avaliação: por um uso pedagógico efetivo da tecnologia em sala de aula, onde o autor afirma ser necessário que a tecnologia seja percebida como importante e útil pelos professores e alunos para que a sua utilização seja realmente eficaz em um contexto educacional. Embora o foco do texto seja o Ensino Básico, é possível transpor algumas ideias para o ambiente do Ensino Superior e refletir sobre o uso dos recursos tecnológicos disponíveis no ambiente de aprendizagem on-line adotado pela PUC-Rio.

Analisando esse uso, percebemos que 60% das disciplinas ativas nesse ambiente o utilizam apenas para disponibilização de textos e materiais didáticos, ou seja, como um repositório de conteúdos. E por que isso acontece? O texto de Pedró nos dá algumas pistas, entre elas a já tão conhecida resistência a mudanças, mas não é só isso!

Pedró complementa que existem modelos que tentam explicar os fatores que podem influenciar na aceitação ou não de recursos tecnológicos que possam promover uma inovação na prática pedagógica. Esses fatores seriam a “percepção da facilidade de uso da tecnologia” e a “percepção da sua utilidade”.

Já há um consenso de que o uso das tecnologias por si só não acarreta mudanças na qualidade da educação, e que os bons resultados têm mais a ver com a prática pedagógica adotada e com a transformação dos processos educacionais do que pela presença ou não da tecnologia. É necessário que os recursos tecnológicos sejam empregados de forma significativa, caso contrário, seu uso pode ser considerado injustificável do ponto de vista da aprendizagem.

O ambiente de aprendizagem on-line – Moodle é flexível o suficiente para permitir a adoção de diferentes modelos e estruturas pedagógicas. Mas o que se percebe é que poucas disciplinas ativas buscam novas formas de uso para além da apresentação de conteúdo, ou seja, a maioria das ações que vem sendo adotadas tem como princípios os mesmos paradigmas que orientam as práticas pedagógicas ao longo dos últimos anos.
Pensando especificamente sobre o fator “percepção da utilidade” mencionado acima, compreendemos como é importante o conhecimento dos diferentes recursos tecnológicos e, sobretudo, a clareza sobre os benefícios de cada uma das possíveis soluções que o ambiente de aprendizagem pode proporcionar. Prever, antecipadamente, a eficácia de uma solução tecnológica pode dar mais segurança ao professor na sua utilização. A questão que se coloca então é como ter essa clareza? Como perceber essa utilidade? Como ter o domínio técnico das soluções tecnológicas? Uma possibilidade seria a disseminação de boas práticas dentro da instituição, ou seja, o compartilhamento de experiências e de práticas pedagógicas exitosas com o uso da tecnologia que possam servir de referência. A adoção de ações voltadas para a colaboração é condição necessária para a criação de práticas educacionais inovadoras.

A Coordenação Central de Educação a Distância (CCEAD) vem divulgando, por meio da sua revista ASAS, muitas experiências interessantes, mas sabemos que existem muitas outras. Cada experiência está relacionada a um contexto, uma proposta pedagógica e um conteúdo específico. Não se trata de adotar por adotar uma determinada solução, pois o objetivo não é simplesmente utilizar mais tecnologia, mas que os alunos aprendam mais e melhor. Ao conhecer diferentes possibilidades de uso das tecnologias digitais de informação e comunicação vamos acumulando conhecimento que permitirão, em um futuro, a adoção progressiva do ambiente de aprendizagem on-line para além de um repositório de materiais.

Compartilhar experiências, portanto, é um caminho! Se você obteve uma melhora na qualidade das suas aulas a partir da utilização de algum recurso tecnológico, conte-nos como foi!