Se alguém perguntar o que é ou onde fica Copacabana, a grande maioria das pessoas responderá que é um bairro do Rio de Janeiro, também chamado de Princesinha do Mar, onde está localizada uma das praias mais famosas do mundo. No entanto, Copacabana também é o nome da principal cidade do entorno do Lago Titicaca, na Bolívia e é, ainda, o nome de uma cidade localizada na região metropolitana de Medellín, na Colômbia.
Desde o final do ano passado, a palavra Copacabana ganhou um novo significado: para muitos professores e pesquisadores, é o título de um projeto ambicioso de cooperação entre universidades do Brasil, Alemanha, Itália, Reino Unido, Grécia, Peru e Equador, todas de alta relevância no cenário acadêmico e científico mundial.
O nome foi escolhido porque, inicialmente, a proposta era a de trabalhar apenas com alguns países da América do Sul. Como a palavra Copacabana é de origem quéchua, língua falada por grupos de povos sul-americanos, a alcunha era bastante simbólica, mas o projeto cresceu e atualmente envolve 16 universidades americanas e europeias, além de 20 parceiros associados. Até a Universidade Nacional Maior de São Marcos, a mais antiga do continente americano, datada de 12 de maio 1551, faz parte do consórcio.
O objetivo principal é a cooperação entre professores e pesquisadores das universidades envolvidas com o intuito de possibilitar inovação e fomentar a troca de boas práticas na Educação Superior.
O projeto, se aprovado, será coordenado pela PUC-Rio e contará com o apoio da Universidade Leibniz Universität Hannover através do centro de pesquisa L3S. A metodologia de trabalho será realizada em pares, isto é, universidades da América Latina e Europa irão liderar, em pares, tarefas específicas para reforçar as relações internacionais e troca de experiências. Por exemplo, espera-se que os parceiros da Universidade Federal de Manaus, Brasil, e o Politécnico de Milano, Itália, organizem em conjunto workshops para fomentar parcerias entre universidades e empresas.
“Pretendemos investir na formação de professores, provendo materiais que possam ser utilizados e adaptados para a realidade de cada região. Iremos introduzir seminários on-line e módulos em conjunto (diversas universidades) para capacitação de professores. Também temos como objetivo o desenvolvimento de currículos e materiais educacionais através do aperfeiçoamento de conteúdos para capacitação de professores e alunos em tópicos relacionados a Ciência da Web. Espera-se que os cursos possam ser integrados aos currículos da graduação e pós-graduação. Há, ainda, um terceiro propósito que é a criação de uma rede ativa entre universidade e empresas na América Latina e Europa, ou seja, esperamos criar um ambiente propício para trocas de experiências, em que seja possível fomentar o desenvolvimento de start-ups”, explica Bernardo Pereira Nunes, um dos coordenadores do projeto.
A Aristotle University, localizada em Thessaloniki, na Grécia, está envolvida neste projeto através de um grupo de pesquisas, liderado pela professora Athena Vakali e associado ao Laboratório de Engenharia de Software e Programação de Linguagem do Departamento de Informática. No início deste ano, ela e mais dois professores da universidade grega, estiveram no Rio de Janeiro e visitaram a PUC-Rio.
Athena conta que está ansiosa para o início do projeto. Na opinião da professora, é importante participar deste esforço coletivo em criar sinergias entre América do Sul e Europa: “Na nossa universidade, promovemos muita inovação porque nossos estudantes precisam estar preparados para lutar por um emprego, especialmente com esta crise que atravessamos, então, este é um trabalho que nos interessa e nos atrai. Achamos essencial incentivar os jovens a desenvolverem suas habilidades, em especial na área de programação e empreendedorismo. Temos planos de promover mais o empreendedorismo, associado às tecnologias. Por tudo isso, estamos animados para começar a trabalhar, afinal, o projeto vai possibilitar uma enorme troca de ideias sobre estas questões e isso é bastante instigante”.
Para Athena, é importante incentivar os jovens a lidar com dados abertos – aqueles disponíveis para que todos usem e publiquem, sem restrições de direitos autorais, patentes ou outros mecanismos de controle – e com o API, Application Programming Interface ou, em português, Interface de Programação de Aplicativos, conjunto de padrões de programação que permite a construção de aplicativos e a sua utilização de maneira não tão evidente para os usuários. Estas são ideias que serão debatidas ao longo do projeto Copacabana.
A professora diz, também, que na Aristotle University há pesquisadores na área de informática especializados em estatísticas e mineração de dados (funcionalidade que agrega e organiza dados, encontrando neles padrões, associações, mudanças e anomalias relevantes):
“Oferecemos cursos nestes campos e trabalhamos também com redes sociais; temos inclusive, um ambiente de aprendizagem on-line em que são organizados vários seminários. Nossa intenção é oferecer aulas e workshops com foco nos temas que dominamos para os pesquisadores que estão participando do projeto. Queremos também que eles nos visitem na Grécia”.
Os trabalhos estão previstos para começar no final de 2017 e todos os professores e pesquisadores envolvidos estão entusiasmados para dar início a este ousado plano de cooperação internacional.