Em 1993, o empreendedor americano Cormac Kinney desenvolveu uma nova tecnologia que nomeou de heat maps, ou mapas de calor, em português. A ideia inicial era oferecer um software que transformasse, em tempo real e na tela do computador, dados financeiros em mosaicos luminosos de diversas cores e, com isso, seria possível, literalmente, ver a movimentação de preços, lucros, volume e volatilidade durante uma negociação.
Atualmente, os mapas de calor são os queridinhos de sites que vendem produtos ou serviços porque ajudam a entender o comportamento dos internautas, afinal, eles são capazes de exibir as áreas mais clicadas de um site, sejam estas áreas links, imagens, textos ou mesmo áreas vazias. Quanto mais “quente” for uma área – com a cor vermelha, por exemplo – mais interações existem; quanto mais “fria” for uma área – com marcas azuis, por exemplo – menos atividade há ali.
Através destes mapas, enxergamos de forma colorida e atraente exatamente o que as pessoas fazem com o seu mouse e onde clicam mais, com isso, é possível quantificar informações e, assim inserir conteúdos estratégicos nos locais que atraem mais visitantes, com o intuito de aumentar as vendas.
Michele Prado, em reportagem para o site Mandae, explica a importância de criar mapas de calor no mundo dos negócios: “De acordo com um estudo do Nielsen Norman Group, o que aparece na parte superior da página influencia consideravelmente a experiência do internauta, independentemente do tamanho da tela. Os usuários da web gastam 80% do seu tempo olhando para a informação acima da dobra da página, enquanto apenas 20% de sua atenção vai para a parte inferior. Como regra geral os conteúdos mais importantes devem estar no topo da página, mas, ainda assim, os heat maps ajudam a compreender melhor a distribuição da informação de acordo com os pontos que o seu público mais interage. Dessa forma, você saberá exatamente quais partes das suas páginas são mais visíveis para os usuários, em todos os navegadores e dispositivos, e poderá decidir onde colocar os elementos mais importantes de acordo com as estratégias do seu negócio”.
Mas, afinal, qual é a relação de tudo isso com a educação? Ronnald Machado, técnico de TI da Coordenação Central de Educação a Distância da PUC-Rio, explica que é possível aproveitar os inúmeros dados gerados com os mapas de calor para entender o comportamento dos alunos e, a partir daí, pensar em estratégias com o objetivo de melhorar os cursos e, também, melhorar a relação entre docente e discente: “As informações que podemos coletar, na realidade, já estão disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem, mas são ordenadas e apresentadas de outra forma. A grande vantagem dos heat maps é, portanto, a visualização. Somos capazes de obter informações que aparentemente estão desconexas e temos rapidamente dados quantitativos importantes que nos ajudam a entender os movimentos dos alunos dentro do ambiente. Usamos esta ferramenta porque nos oferece um fácil diagnóstico, de forma visualmente mais convidativa. É uma saída fácil e simples porque não requer um modelo estatístico sofisticado, apenas pegamos os dados e os visualizamos, como se fosse um gráfico”.
É possível ver rapidamente em que links os alunos clicaram, quantos deles permaneceram em determinado local do ambiente virtual, em que parte do curso estão mais interessados etc. Os dados geram uma grande quantidade de informações, importantes para o desenvolvimento de um trabalho educacional de qualidade. Os professores da PUC-Rio ainda não estão explorando essa ferramenta, mas ela já está disponível para todos os interessados em utilizar o ambiente virtual de aprendizagem em seus cursos.