Tornou-se insensato apenas aguardar encontros esporádicos, como Congressos e Conferências, para se atualizar e trocar ideias sobre educação, numa época em que um dos principais temas em debate é a utilização das tecnologias no ensino e na aprendizagem.
Pensando nisso, em 2010, o New Media Consortium (NMC), dos Estados Unidos, e o eLearn Center, da Universitat Oberta de Catalunya, da Espanha, se uniram para desenvolver o Projeto Horizón IB. A ideia era criar um espaço de discussão on-line para que os responsáveis pela educação superior da América Latina, Espanha e Portugal pudessem se encontrar para falar sobre os importantes avanços tecnológicos na área educacional.
Como resultado desses encontros virtuais – realizados com ajuda da ferramenta wiki – são elaborados relatórios em grupo. Entre fevereiro e abril de 2012, 45 profissionais finalizaram um relatório sobre a educação superior na Iberoamérica, dando especial atenção ao impacto que as novas tecnologias irão causar na educação nos próximos cinco anos. O relatório foi elaborado com o objetivo de explorar as tecnologias emergentes e prever seu potencial impacto dentro do cenário iberoamericano.
A Coordenadora Central da CCEAD PUC-Rio, Gilda Helena Bernardino de Campos, participou deste trabalho e explica como foi o processo de construção de um texto que envolveu tantas pessoas. “Todos os participantes colaboraram com conteúdos sólidos. Foram usados documentos substanciais, como artigos relevantes, notícias, relatórios de investigação e exemplos de projetos. A isso, somou-se a experiência e o conhecimento de cada um de nós, o que permitiu identificar as tecnologias que estão a emergir e apontar as tendências e os desafios da educação nos próximos anos”.
Para Gilda Helena, o mais extraordinário desta experiência foi trabalhar com profissionais de vários países que têm diferentes visões e perspectivas em relação à educação superior. A maneira encontrada para administrar tamanha diversidade foi iniciar as reflexões com uma série de perguntas, que serviu como fio condutor para a discussão acerca das tendências e desafios mais significativos e para a identificação de uma ampla gama de tecnologias com potencial de uso educativo.
A filosofia do projeto é manter todas as informações abertas, desde as discussões até o relatório final, assim como a metodologia de investigação utilizada. Os resultados desse trabalho foram comparados com os de uma pesquisa anterior, que analisou tendências globais. Em ambos os estudos, ficou evidente que as aplicações móveis serão bastante empregadas já em 2013, assim como a computação em nuvem. Para os próximos três anos, é previsto o crescimento da aprendizagem com base em jogos.  Esses resultados indicam que existe um consenso mundial entre os especialistas no que se refere a essas tecnologias.
Outras tecnologias mencionadas pelos profissionais iberoamericanos foram a geolocalização e os ambientes pessoais de aprendizagem. Os cursos abertos on-line são a novidade do último relatório. Ficou evidente na pesquisa a intenção das pessoas em trabalhar e estudar de forma mais independente, o que significa liberdade para determinar o local e o horário do trabalho e dos estudos. Esse desejo é reflexo de uma nova realidade social em que os estudantes possuem maior mobilidade e buscam conciliar vida pessoal, profissional e acadêmica.
Consequentemente, cresce a necessidade de capacitação dos docentes e, de acordo com a pesquisa, a maioria dos centros de educação superior dos países iberoamericanos já percebeu essa necessidade e, portanto, vem realizando ações para capacitar seus profissionais.
A expectativa em relação ao uso das novas tecnologias é alta, mas não se pode ignorar os desafios envolvidos nisso. A pesquisa que analisou as tendências globais e a pesquisa voltada para a realidade iberoamericana concluíram que a alfabetização digital é considerada aptidão essencial, tanto no meio acadêmico como no meio profissional. Porém, muitas instituições ainda utilizam modelos educativos tradicionais, dificultando a harmonia entre educação e Tecnologias da Informação e Comunicação.
Para a professora Gilda Helena, a participação neste projeto foi importante, pois permitiu entender de forma clara as medidas que devem ser tomadas para melhorar a educação no Brasil: “Entendemos, portanto, que sem a alfabetização digital de nossos professores e alunos ficaremos à margem do desenvolvimento científico provocado pela chamada sociedade e/ou economia do conhecimento”.
O diálogo e as reflexões podem servir como o “novelo de Ariadne” para a educação e aí está a importância do projeto Horizón IB. Com ele, diretores, coordenadores e professores do ensino superior podem tomar decisões, apoiados em uma pesquisa sólida e substancial.