Escola de Instrução Especializada do Exército completa 70 anos e oferece cursos a distância

Quando o Brasil enviou tropas para lutar na Segunda Guerra Mundial, os soldados não estavam preparados para o combate. Os problemas incluíam dirigir adequadamente os automóveis disponíveis e operar os equipamentos norte-americanos. Era necessário realizar um treinamento intenso e de qualidade para formar especialistas para a Força Expedicionária Brasileira. Assim, em junho de 1943, foi criado o Centro de Instrução Especializada. Mais de 18 mil homens foram treinados e, em 1944, enviados para combate na Itália.

Em agosto de 1945, um decreto-lei transformou o Centro de Instrução em Escola de Instrução Especializada, hoje conhecido como EsIE, que ocupa uma área de 360 mil metros quadrados em Realengo, na zona oeste do município do Rio de Janeiro. O objetivo da Escola é realizar o aperfeiçoamento dos quadros (oficiais e sargentos) para o Exército.

O tenente-coronel Charles Domingues da Silva, Comandante da Escola, explica que a EsIE é considerada o berço da especialização no Exército brasileiro: “Nossa vocação é especializar militares. Desde o surgimento da escola, programas de instrução foram elaborados e houve uma reorganização de todos os cursos. Durante 65 anos, formamos, especializamos e aperfeiçoamos militares”.

Em 2010, o Exército iniciou um processo de transformação para adequar a estratégia nacional de defesa às novas demandas do século XXI, o que inclui a realização de cursos voltados para a guerra química. Apesar da Seção de Defesa Química, Biológica e Nuclear ter surgido em 1943 com a inserção do Brasil na Segunda Guerra Mundial, esta questão permanece atual e, de acordo com o Ten. Cel. Domingues, não apenas atual, como também real, devido aos grandes eventos que o Brasil irá sediar já a partir de 2013: “A EsIE é uma das únicas unidades da America Latina que trabalha com agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares – o Chile também possui unidades de defesa contra agentes químicos – e temos um curso para especializar militares neste tipo de ação”.

Educação a Distância

A história da EsIE é marcada por inovações: foi a primeira escola no Exército a ensinar e disseminar um método de instrução corporificado nos conhecimentos psicopedagógicos mais modernos ― a escola ativa ― revolucionando o sistema de ensino militar da Força Terrestre. Agora, ao completar 70 anos e continuando sua busca por inovações, inicia com a CCEAD PUC-Rio uma parceria para realizar um curso a distância de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais. Essa parceria foi possível pois a CCEAD PUC-Rio venceu o edital de seleção para implementar tal curso.

“Atualmente, temos 27 cursos na escola e especializamos cerca de mil alunos por ano. Nossa tônica é a especialização a distância. Nosso alunos ficam aqui por um determinado período, mas o comum é realizar os cursos a distância e, depois, quando é o caso, passar por uma etapa presencial. A escola funciona assim”, diz o Ten. Cel. Domingues.

De acordo com informações da página da EsIE na internet, as Seções de Ensino de Logística, Conhecimentos Gerais e Meios Auxiliares, Defesa Química Biológica e Nuclear, Observação Aérea, Engenharia, Criminalística e do Quadro Auxiliar de Oficiais ministram estágios e cursos de habilitação, especialização e extensão para oficiais, subtenentes e sargentos do Exército Brasileiro, Forças singulares, Forças auxiliares e Nações amigas.

Nestes 70 anos de existência, passaram pela EsIE cerca de 3 mil oficiais e 13 mil sargentos, não só do Exército Brasileiro como também de outras Forças Singulares, inclusive de nações amigas, entre elas Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Guiana, Suriname e Angola.

Curso de Recursos Didáticos

Há 43 anos o EsIE oferece um curso de recursos didáticos que inclui o aperfeiçoamento do uso de ferramentas midiáticas. Segundo o subtenente Araújo, existe uma preocupação em acompanhar novas tendências, por isso, o curso busca o que há de novo em recursos didáticos para oferecer o melhor aos seus alunos: “É importante lembrar que a educação militar é ampla e não se restringe ao ensino da sala de aula. Portanto, os recursos didáticos que oferecemos aos nossos alunos são variados e extremamente úteis em diversas situações. Até aqueles que hoje podem parecer irrelevantes são ensinados aqui e são muito importantes, como os desenhos, por exemplo. Um recurso didático de grande valia foram os mapas topográficos usados na Segunda Guerra Mundial feitos pelos soldados brasileiros”, lembra o subtenente Araújo.

Os desenhos também são essenciais em treinamentos e acampamentos na selva, já que nessas situações não é possível usar projetores. “Os geradores de energia atrapalham o trabalho que está sendo desenvolvido, por isso, na selva, os desenhos são a melhor alternativa”, diz o subtenente Araújo.

A história da utilização de recursos didáticos no Exército é antiga. Em 1912, o Marechal Rondon ― na ocasião, ainda Major ―, propôs que as expedições da Comissão Rondon fossem filmadas e fotografadas. Para isso, criou a Secção de Cinematographia e Photographia, cujo responsável era o tenente Luiz Thomaz Reis. As atividades começaram efetivamente em 1914, e esta foi a primeira utilização de recursos didáticos no Exército. O resultado é um registro histórico enorme e muito valioso da expedição.

O uso de recursos didáticos prosseguiu e, em 1955, foi feito um Manual do Instrutor para auxiliar professores do Exército nas suas atividades. “Havia muito material didático relacionado com a guerra, entretanto, com o tempo, os documentos passaram a possuir mais conteúdo pedagógico. Houve uma franca evolução no que se refere à educação”, afirma o subtenente Araújo.

O atual curso de recursos didáticos oferecido pelo EsIE tem uma duração de 17 semanas e inclui montagem de maquete, edição de filmes e fotos, noções de fotografias, desenho artístico, modelagem (em gesso, papelão, isopor, papel machê), sonorização, etc. “Aqui, aprende-se a fazer e utilizar os recursos didaticamente. O curso significa verdadeiramente colocar a mão na massa”, diz o subtenente Araújo.

Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais (Estas informações são do site do Exército)

O sistema de ensino militar no Exército Brasileiro baseia-se na educação continuada e o Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais (CHQAO) faz parte deste processo. Nas fases iniciais da carreira há uma grande diversidade de caminhos percorridos, resultando numa heterogeneidade de experiências. Para nivelar os conhecimentos essenciais, em 1984, o curso foi elaborado, mas na época, as ideias não saíram do papel.

Em 2009, o Estado-Maior do Exército iniciou estudos para sua ativação com o objetivo de completar a capacitação institucional das praças, preenchendo uma grande lacuna atualmente existente entre o aperfeiçoamento e o ingresso no Quadro Auxiliar de Oficiais.

O CHQAO será conduzido na modalidade EAD, em parceria com a CCEAD PUC-Rio. Este processo de ensino possibilita o equacionamento de importantes problemas: capacitação simultânea de um número maior de militares; eliminação da necessidade de afastamento dos militares de sua Organização Militar; economia de recursos financeiros para o Exército Brasileiro; menor impacto para as famílias, já que não exige afastamento do militar de sua Organização Militar para realizar o curso; e o não impedimento de movimentação do militar durante o curso, inclusive para o exterior. A partir de 2017, o curso passará a ser um pré-requisito para ingresso no Quadro de Auxiliares de Oficiais.