O que é necessário para inovar? Uma boa dose de ousadia, certamente. E isso a graduação em Relações Internacionais da PUC-Rio tem de sobra. Apesar da pouca idade – completará dez anos em 2013 –, o curso já sofreu uma reforma curricular expressiva, sinal de que os profissionais que ali trabalham não têm medo de mudanças na busca pela excelência acadêmica, pelo contrário, veem a transformação como uma forma de crescimento.

O PDC, ou Programa de Desenvolvimento Curricular, foi discutido e aprovado em 2009 e implantado em 2010. O programa foi inspirado em modelo da Open University do Reino Unido e adaptado às especificidades e necessidades acadêmicas identificadas pelos  professores do Instituto

de Relações Internacionais. O Ins-tituto é caracterizado por ter uma filosofia de atualização e inovação e ser, por natureza, bastante internacionalizado. Trocas de experiências com grandes universidades são constantes e extremamente produtivas.

A nova proposta previa o desenvolvimento do conhecimento conceitual, teórico e analítico do aluno, mas também o incremento de habilidades e competências práticas, voltadas para a resolução de problemas, análise crítica de cenários e proposição de soluções para questões importantes da política internacional contemporânea.

Carolina Moulin, Coordenadora de Graduação e do Programa de Desenvolvimento Curricular, diz que as mudanças incluíam um novo planejamento pedagógico e maior participação dos estudantes: “Pensamos na progressão dos alunos e, por isso, decidimos criar módulos de ensino e aprendizagem centrados neles, evidenciando suas necessidades. Discutimos alternativas e projetos viáveis e, assim, surgiu a ideia de parceria com a CCEAD, Coordenação Central de Educação a Distância”.

Ficou definido que a disciplina Introdução à Política Internacional seria oferecida em um novo formato, como disciplina piloto do PDC. Ao contrário de outras disciplinas dos cursos presenciais da PUC-Rio, que podem ser cursadas no modelo a distância, esta é totalmente presencial, mas utiliza os recursos da educação a distância em sala de aula e para a realização de atividades extraclasse.

“É uma aposta nossa”, revela Carolina. “As duas primeiras turmas começaram a trabalhar dentro deste modelo apenas no segundo semestre de 2012, mas numa avaliação preliminar, posso afirmar que os resultados são extremamente positivos. Evidentemente, serão necessários alguns ajustes, o que é normal, mas já percebemos com clareza que o índice de participação dos alunos aumentou bastante em relação aos anos anteriores”.

Uma das explicações é justamente a forma de ensinar, proveniente do modelo a distância, que demanda um posicionamento mais efetivo do aluno. Carolina acredita que a necessidade de preparação e mobilização da turma para as atividades propostas são fatores que estimulam de fato discussões mais ricas e isso promove uma coletividade mais intensa dentro da sala de aula.

Outra mudança visível refere-se à postura dos alunos. “A desenvoltura é uma característica esperada em um profissional de Relações Internacionais, mas nem sempre os jovens que entram na faculdade a possuem. Faz parte da estratégia do PDC criar mecanismos para o desenvolvimento desta competência. A metodologia que adotamos potencializa ou faz surgir esta característica”.

Outro grande êxito do novo projeto pedagógico é a capacidade de unir a formação teórica e prática, o que reflete a preocupação com a profissionalização e o desenvolvimento da capacidade analítica. Casos do cotidiano da política internacional são frequentemente discutidos em sala e a turma é estimulada a buscar em jornais, revistas e na internet notícias que possam ser trabalhadas.

Por outro lado, os alunos, apesar de serem nativos digitais, não estão acostumados a usar a tecnologia como ferramenta educacional. Carolina diz que eles estão aprendendo a se apropriar do mundo digital para desenvolver novas competências. Por isso, é vantajoso trabalhar com jovens de primeiro período, como é o caso desta disciplina. “No primeiro ano de graduação, os alunos ainda não foram iniciados em metodologias e estratégias didáticas específicas. São jovens abertos a novas experiências, o que nos permite, em alguma medida, imprimir um ritmo intensivo de estudos e o padrão de excelência que queremos”.

Carolina enfatiza que as práticas da educação a distância complementam as aulas, mas o curso é presencial. O sistema on-line é usado em todas as aulas, em um laboratório de informática, mas os alunos precisam estar presentes na universidade, cumprindo as quatro horas relativas aos quatro créditos da matéria.

As ferramentas comuns da educação a distância que agora estão sendo usadas na graduação de Relações Internacionais foram selecionadas em conjunto pelos professores de RI e a CCEAD.

Após meses de reuniões, debates e trocas de ideias, a equipe da CCEAD dedicou-se à adaptação do conteúdo e do material pedagógico desenvolvido pelos professores da graduação para um formato digital atrativo e mobilizador.

Carolina conta que ficou admirada com este processo: “é super interessante acompanhar a conversão do conteúdo em objetos interativos, com desenhos, gráficos, vídeos. E tudo isso em uma plataforma amigável, de fácil acesso. O trabalho é grande, é preciso realizar uma pesquisa extensa, levantar informações, selecionar imagens e bibliografia e ainda é preciso editar textos, preparar exercícios específicos, ou seja, são necessários ajustes para o meio digital e, para isso, é necessário também uma equipe maior, mas o resultado é gratificante”.