Segundo pesquisa do Ibope/NetRatings, líder mundial em medição de audiência na internet, realizada em setembro de 2012, o Brasil possui 83,4 milhões de internautas e é o 5º país mais conectado do planeta. Esses dados também apontam para um detalhe interessante: cada vez mais as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) vêm sendo usadas como ferramentas educacionais. Porém, TIC, em nosso país, ainda não é sinônimo de inclusão social ou redução de desigualdades. Há um longo caminho a ser percorrido para que isso se torne realidade.

As Tecnologias da Informação e Comunicação têm potencial e podem beneficiar milhões de brasileiros carentes de ações educativas, muitos deles portadores de deficiência física e motora, a ter acesso às informações. Para que essas pessoas tenham uma vida mais independente e digna, espera-se que a cultura da acessibilidade digital possa – o quanto antes – estar mais presente nas estatísticas que envolvem o acesso à Web, de tal forma, que a sua aplicação deixe de ser exceção e passe a ser regra.

 

Acessibilidade e EAD

A acessibilidade digital é o que torna as TICs utilizáveis por qualquer pessoa. A EAD, aliada à acessibilidade, é capaz de suprir necessidades e amenizar diversos obstáculos, criando novos caminhos para os cidadãos, com ou sem deficiência, visando uma educação mais igualitária. Nesse sentido, os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) vêm propiciando um espaço onde os indivíduos portadores de deficiência conseguem sair do isolamento habitual para criar elos de aprendizagem, através das redes virtuais. Os AVAs permitem um modelo de aula diferente do convencional, adotando formas inovadoras de relacionamento e interação, ajudando os alunos a construir, compartilhar e comunicar melhor o seu próprio pensamento.

Porém, também cabe ressaltar que nem tudo em EAD são flores. Existem situações em que os cursos a distância podem até mesmo proporcionar dificuldades às pessoas com necessidades especiais. Isso ocorre quando as páginas Web encontram-se fora dos padrões internacionais de acessibilidade. Arquivos inacessíveis pelos softwares leitores de tela*, por exemplo, podem deixar a informação perdida. Outro tipo de problema são os materiais sem tradução para a língua de sinais, além de informações que só podem ser acessadas por conexões muito rápidas. Tudo isso acaba prejudicando o usuário, seja ele portador de deficiência ou não.

Para que isso não ocorra, é preciso investir em recursos de acessibilidade. Um curso EAD deve ser capaz de combinar a apresentação da informação com técnicas de usabilidade, arquitetura da informação, ergonomia cognitiva, teoria das cores, tipografia, sistemas de leitura de tela, mecanismos de reconhecimento de fala, simuladores de teclado etc., para maximizar as habilidades dos usuários com limitações associadas a deficiências.

Recomendações de Acessibilidade para o conteúdo da Web

Qualquer empecilho que atrapalhe ou inviabilize o recebimento de informações na Web deve ser eliminado. Com este propósito, existem normas para garantir a acessibilidade na Web, assim como tecnologias assistivas. Normalmente, são programas que permitem aos portadores de necessidades especiais utilizar os recursos do computador. Podemos mencionar, como exemplo, os acionadores utilizados com os olhos (eyegaze systems), com os pés e/ou com as mãos. Também podem constituir-se de leitores de tela para deficientes visuais, teclados virtuais para portadores de deficiência motora, mental, ou com dificuldades de coordenação motora, e sintetizadores de voz para pessoas com dificuldades de fala.

Infelizmente, grande parte da população não faz uso desses recursos, pois ainda são poucas as páginas que atendem a tais recomendações.

Por essa razão, a capacitação de desenvolvedores de projetos educacionais na modalidade a distância deve ser intensificada para atender a essas indicações.

Os cursos na modalidade EAD devem levar em conta as diretrizes WCAG 2.0 relacionadas à acessibilidade.

As Recomendações de Acessibilidade para o Conteúdo da Web 2.0 definem a forma como tornar o conteúdo da Web mais acessível a pessoas com incapacidades. A acessibilidade envolve uma vasta gama de incapacidades, incluindo visuais, auditivas, físicas, de fala, cognitivas, de linguagem, de aprendizagem e neurológicas. Embora estas diretrizes abranjam um grande número de problemas, não têm capacidade para abordar as necessidades de pessoas com todos os tipos, graus e combinações de incapacidades. Estas recomendações também facilitam a utilização do conteúdo da Web por pessoas mais velhas, cujas capacidades estão em constante mudança devido ao processo de envelhecimento, e facilitam a utilização para os usuários em geral. As WCAG 2.0 (Web Content Accessibility Guidelines 2.0) foram desenvolvidas através do processo W3C (World Wide Web Consortium) em colaboração com pessoas e organizações em todo o mundo, com o objetivo de elaborar um padrão compartilhado referente à acessibilidade para o conteúdo da Web, que satisfaça as necessidades das pessoas, das organizações e dos governos, a nível internacional.

Para a W3C, acessibilidade significa acesso para todos, independentemente de qualquer tipo de limitação pessoal.  As WCAG 2.0 foram concebidas para serem aplicadas em larga escala a diferentes tecnologias Web, atualmente e no futuro, e serem avaliadas com uma combinação de testes automáticos e avaliação humana.

Para uma introdução às WCAG 2.0, basta consultar o original (em inglês) Descrição Geral das Recomendações de Acessibilidade para o Conteúdo da Web em:

http://www.w3.org/wai/intro/wcag.php